A viso perifrica do acontecimento como estratgia narrativa

A noo de acontecimento mostra-se bastante cara aos estudos sobre as narrativas do mbito jornalstico. E no poderia ser diferente, haja vista que, mais que ser referente, fonte e objeto que fazem mover o fazer dizer jornalstico, o acontecimento est, todo o tempo, bem mo de todos, tensionando o jornalismo em distintas dimenses como a filosfica, a epistemolgica, a tica, a tcnica e a esttica, colocando-o prova naquilo que se configura como seu desafio essencial: narrar a vida cotidiana, o ocorrido, o fato como este se desenrolou. Ou como apontou Fausto Neto, essa permanente busca da inacessvel cena primria. Neste potente conjunto reflexivo que nos apresenta Antunes, a eleio do acontecimento como vis de observao dos textos que compem a seo esquina, na revista piau, tem perspectivas outras. O autor percebe o poder hermenutico do acontecimento, alinhavando-o a partir de autores como Ricouer, Qur, Sodr, Frana e Resende, entre outros, e coloca-se diante de seu objeto de pesquisa com perguntas em busca de pistas que lhe indiquem marcas prprias do que entende ser o olhar enviesado e marginal dos textos da esquina: o incomum revelado pelo 'em comum'.