A Manga Perfeita

Em 1994, aos vinte e cinco anos de idade, quando o terrvel "despedaamento que vem com a agresso sexual" dobrou-se profundamente em seu corpo e pensamentos de suicdio estavam sempre por perto, Erin Manning escreveu A Manga Perfeita num estado quase febril: dezenove captulos em dezenove dias, uma espcie de operao de auto-resgate, onde a escrita tornou-se uma maneira de fazer (e sentir) a vida de outra forma. Ao longo desses dezenove dias, e embora no capaz de articular completamente para si mesma na poca, Manning escreveu-se para dentro "de uma composio que pergunta de que outra forma a vida poderia ser vivida". E nos ritmos dessa composio, que era tambm uma vida, Manning foi e capaz de recusar a categoria e norma e imobilidade da "vtima" (enquanto ainda compreende as heranas da violncia) a fim de seguir em vez disso o mais-que-eu assim como a alegria do "mais-que da experincia no fazer".

Vinte e cinco anos depois, Manning permite que esses escritos anteriores encontrem seu caminho de volta ao mundo, o que uma maneira de dar "voz a esses momentos de sobrevivncia confusos" enquanto tambm pede a ns, que compartilhamos (e ajudamos a suportar) tais momentos enquanto leitores, que consideremos "outras formas de escutar a urgncia que viver". Republicar o livro agora dar-lhe um lugar no mundo de uma maneira que honre sua fora como algo que est sempre alm da reivindicao de qualquer um, mesmo de Manning. Nesse sentido, A Manga Perfeita nos convida, com Manning, a estar em excesso de ns mesmos, e tambm a considerarmos, nas palavras de Manning, "como criar condies para viver alm da crena feroz do humanismo de que ns, os privilegiados, os neurotpicos, os ainda inclumes, os corpos-capazes, que guardamos a chave para todas as perspectivas no teatro da vida". Por fim, A Manga Perfeita e as reflexes de Manning a respeito de sua composio pedem que consideremos "viver na feroz celebrao de um mundo inventado por esses modos de vida que rasgam o tecido colonial, branco, neurotpico da vida como a conhecemos."

Erin Manning professora na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Concordia (Montreal, Canad). Ela tambm fundadora do Senselab, um laboratrio que explora as intersees entre prtica artstica e filosofia atravs da matriz do corpo sensvel em movimento. Projetos de arte atuais so focados em volta do conceito dos gestos menores em relao cor e ao movimento. As exibies de arte incluem as bienais de Sidnei e Moscou, Glasshouse (Nova Iorque), Museu de Arte de Vancouver, Museu McCord (Montreal), House of World Cultures (Berlim) e Galeria Galateca (Bucareste). Publicaes incluem For a Pragmatics of the Useless (Duke, em breve), The Minor Gesture (Duke, 2016), Always More Than One: Individuation's Dance (Duke, 2013), Relationscapes: Movement, Art, Philosophy (MIT, 2009) e, com Brian Massumi, Thought in the Act: Pas...