Os rastros da viagem ndia na potica de Ceclia Meireles

O objetivo deste trabalho refletir sobre a potica delineada por Ceclia Meireles em suas Crnicas de viagem - em especial as que tratam de sua viagem ao Oriente, em 1953 - e compar-la com a do livro Poemas escritos na ndia. Por um lado, observa-se a reiterao daquilo que nunca esteve ausente da obra de Ceclia: sua ininterrupta percepo da transitoriedade e a herana da esttica simbolista. Tais elementos assumem vis particular por conta da grande afinidade da poeta com a cultura e a espiritualidade indianas. "Lei do passante", espcie de "poema-prefcio", ser lido como sntese das concepes de arte e de vida da autora. Por outro lado, ao contrrio do que ocorre na quase totalidade de sua produo literria, as sensaes experimentadas nessa viagem comparecem de maneira muito concreta. Os elementos naturais, as cores e os cheiros, por exemplo, so nomeados, tornando-se motivos poticos, tanto nas crnicas como nos poemas. Nem por isso se tem uma viso extica da ndia. A viajante Ceclia Meireles, sabidamente passante, encontrou naquele pas o que j carregava consigo; porm, para diz-lo, recorreu a elementos formais at ento ausentes de seu discurso.